quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Reflexus Ultimus




A brisa gelada encontra-se ao meu corpo desnudo
Lá fora o vento canta junto a árvores.
Tudo parece lindo como se não houvesse mal,
Quem me dera acreditar na beleza superficial.
Os bichinhos brincam como se tudo estivesse natural
As crianças correm e gritam sem nenhuma preocupação

Enquanto isso eu estou trancada em um quarto vazio
Tenho medo de mim, dos humanos em geral.
Transformamos tudo em dinheiro,
pagamos pela água que nos era dádiva.
Nossas vidas minimizaram-se ao consumo,
E o diabo amassou o pão que nos comeremos.

O sangue jorra da montanha sem nenhuma devoção
Contrariamente nos bebemos vinho e celebramos piegas
Enquanto a conspiração nos fecha os olhos e nos fazem deslumbrar diamantes
Calam nossas bocas com papel timbrado com a cara do ...
Pensam que não sabemos o que eles fazem com criancinhas
Acham que somos burros e não sabemos ligar as evidências.

Ah! Como eu queria novamente minha inocência
Não ter conhecimento das bárbarias
Ser limpa na alma mas já nasci em meio a putre burguesia
E me ensinaram a fechar a boca e não falar o que há de errado
Rir com vontade de chorar,
E mentir dizendo que a vida é bela.

Infames cristãos que acreditam no amor
A vida é o terror impresso e multicolorido
Queremos que tudo seja sóbrio mas nos perdemos no ébrio profano
Nos esquecemos no passado antes da primeira dose do vinho estragado
Vomitamos o que compramos com dinheiro
Compramos casas, apartamentos, viagens e prisão
Não podemos falar em liberdade nem em expressão
Tudo foi robotizado como eles queriam
Nossas almas foram trocadas por mercadoria
O ódio me sucumbe em cada linha escrita
Minha poesia não será despendida pois não está nas liquidações de verão

As festas tornaram-se capitalistas
A televisão nos programa para não sairmos de casa na hora da novela
Lá fora há mais que uma noite linda, há destruição.
Há ruínas de pessoas desconhecidas para elas próprias
Arrasaram a vida
Estatelaram a felicidade
Nos impuseram e não temos livre-arbítrio.

Não é mais como era antigamente
Nunca mais felicidade e contentamento
Finalmente fomos vendidos
E agora somos manipulados como fantoches,
Finalmente o lado de deus venceu.

domingo, 12 de outubro de 2008

Os passos se aproximam mas nunca irão chegar...

A Partida da Chegada



As garoas me remetem a minha terra
Terra essa onde tudo é cinza e melancólico
Aonde tetricamente a rotina vai se cumprindo.
No qual, sorrisos são congelados no tempo;são mórbidos.
O silêncio não reina e os passarinhos foram emudecidos.

A inocência perdeu-se em algum lugar do passado.
A luz é sucumbida pelo fusco pesaroso do crepúsculo.
Alguém sempre a me desordenar
Faz meu caminho cruzar-se com o seu.
Idolatrado seja, indignamente, aquele que me ofereceu amor.

Está longe de mim, tudo que um dia esboçou-me prazer.
Do tempo esvaísse a candidez do meu não ser
Mas hoje me sinto sublime em lutar pelo o meu mal-querer.
Nem toda dor me fará morrer diante da fraqueza do real.

Pensando no merencório mar,
Vou seguindo pela praia, apenas a imaginar.
Deixo pegadas na areia,
Para um dia novamente nossos caminhos se cruzarem.